Uma pintura pode ser um acontecimento mágico quando abre um vasto campo de significados. É o que ocorre nesta imagem de Genesio Teles, que evoca tanto as difíceis condições de vida do povo nordestino como a fuga de Maria, José e o Menino Jesus do Egito.
Nesse aspecto, a obra atinge um nível metafísico, pois a sua profundidade está não apenas naquilo que se vê, mas nas referências simbólicas que apresenta, multiplicando sentidos e permitindo um mergulho em diversas conotações arquetípicas, principalmente a que destaca o papel da viagem como uma jornada de amadurecimento.
As cores e as formas geram centelhas de emoção e gritam contra a racionalidade, lembrando que a arte se fundamenta em um tripe que valoriza a percepção do público; o material, a técnica e a criatividade do artista; e os elos instaurados entre quem faz e quem vê.
Assim, Genesio Teles cia um universo pessoal que remete a outros já existentes. A cena tem elementos fincados na realidade, mas também os transforma para estabelecer uma visão poética do mundo, que transmite algum tipo de essência e de magia, que se renovam a cada olhar.
Oscar D’Ambrosio @oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, graduado em Letras, crítico de arte e curador.
